A população de Portugal está sistematicamente encolhendo, levando o país europeu a uma das mais graves crises demográficas de sua história. E a solução para estancar a contínua redução do número de trabalhadores portugueses em idade ativa pode passar pela imigração brasileira.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística de Portugal, a população do país em idade ativa – dos 15 aos 64 anos – diminuiu em 245.676 pessoas entre 2009 e 2014, a ponto de o novo governo prometer a criação de um visto especial temporário para estrangeiros e facilitar o processo de naturalização de imigrantes.
O principal motivo foi a emigração em massa, com a saída recente, em média, de 110 mil habitantes do país por ano, principalmente em busca de trabalho em economias mais fortes da União Europeia (UE).
A lacuna deixada por esses emigrantes precisa ser preenchida, ao menos em parte, porque coloca em risco a recuperação econômica e o crescimento em médio e longo prazo. E é nesse contexto que o imigrante brasileiro ganha importância para o futuro do país europeu.
“O fato de ser, desde 2007, a comunidade mais representativa entre os estrangeiros, confere à população brasileira um papel de protagonismo nos temas relativos ao fluxo migratório português”, disse à BBC Brasil Catarina Oliveira, coordenadora do Gabinete de Estudos e Relações Internacionais do Alto Comissariado para as Migrações de Portugal.
Na contramão da corrente
O agravamento da crise financeira havia empurrado uma significativa fatia da população portuguesa ao exterior nos últimos anos. Com livre trânsito na UE, pessoas em idade ativa decidiram buscar a sorte em outros Estados-membros do bloco. Além disso, muitos estrangeiros que viviam no país retornaram a suas terras de origem.
Esse fenômeno também foi registrado na comunidade brasileira, mas em menor intensidade. E, ao mesmo tempo em que boa parte optou por permanecer, milhares de compatriotas atravessaram o Atlântico em busca de um recomeço na Europa.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, no relatório “Estatísticas Demográficas 2014”, entre 2009 (um ano após o desencadeamento da crise econômica) e 2014 foram concedidas 73.528 autorizações de residência a cidadãos brasileiros em Portugal – disparado o maior número de concessões entre os estrangeiros.
Esse número inclui os brasileiros que obtiveram residência por período superior a um ano, considerados “imigrantes permanentes”.
A opção dos brasileiros por nadar contra a corrente migratória já se mostra importante para Portugal, pois tem servido para minimizar os efeitos negativos da onda de emigração, e não somente na reocupação de vagas no mercado de trabalho.
“O fato de a imigração em Portugal ser predominantemente de motivação econômica faz com que os imigrantes cheguem em idade ativa e contribuam para contrabalançar os efeitos do envelhecimento demográfico no país”, afirma Oliveira.
“Além disso, mostra-se necessária para contrabalançar os efeitos do envelhecimento no sistema de segurança social, contribuindo para um relativo alívio do sistema de segurança social e para a sua sustentabilidade”, explica a funcionária do Alto Comissariado para as Migrações português.
Fonte: Uol
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