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A deliciosa história de sucesso do Bacon

É toucinho defumado, parte da barriga do porco, mas o brasileiro, como o americano, o chama de bacon. Ele está em sanduíches, mas também em pratos refinados. Virou sabor de vodca e camisinha. Foi parar em camisetas, bonés e outros artigos vestidos por gente que se orgulha de comê-lo. Na última década, transformou-se em uma indústria que movimenta US$ 4 bilhões anualmente em todo o mundo. O alimento é uma tendência que não deve acabar tão cedo, mas você tem ideia de como ela surgiu? Se você acha que tudo se resume a sabor e suculência, saiba que a popularidade dele foi forjada com muito custo por marqueteiros e empresários dos Estados Unidos por anos.

O bacon foi tema de reportagem da Businessweek. Décadas de história foram contadas por profissionais desta indústria que viram o bacon ser rejeitado nos anos 1980, gradativamente introduzido em 1990 e popularizado a partir de 2000. Esta transição aconteceu porque havia gente interessada em ganhar dinheiro com carne de porco e com estoques empacados.

Declínio
Décadas atrás, o bacon fez parte do famoso estilo de vida americano. Foi colocado no café da manhã, frito junto com ovos, e era vendido em maior parte no varejo – para donas de casa, e não para redes de restaurantes. As vendas acompanhavam o ciclo do tomate. Fruta e toucinho defumado tinham picos de venda nos verões, quando eram misturados em saladas.

Esse costume mudou com a chegada da década de 1980, quando fortes tendências em prol de alimentos diet e saudáveis tomaram os Estados Unidos. Surgiram evidências de que gordura saturada e colesterol eram causas de problemas no coração, obesidade e câncer, e comer gordura magra virou moda. Refrigerantes diet ganharam mercado, margarina substituiu manteiga, e embalagens de alimentos passaram a levar os dizeres “fat free”. O bacon, cuja carne é dois terços composta de gordura, foi condenado.

Numa época em que peitos de frango sem ossos e sem pele ganharam a preferência dos americanos, a tentativa foi taxar a carne de porco como “a outra carne branca”. Mesmo assim, com pilhas de carnes de porco congeladas e estocadas, o governo americano encorajou a vendê-las por preços mais baixos para a União Soviética e para países africanos.

Ascensão
Na década de 1990, produtores de carne de porco cobraram a indústria por alternativas para fritar todo aquele estoque desvalorizado. O plano dos marqueteiros foi posicionar o bacon como um “intensificador de sabor” para tentar ganhar restaurantes. Isso numa época em que redes de fast-food como McDonald’s e Burger King vendiam sanduíches com pouco sabor, pois hambúrgueres eram feitos com “carne magra”, herança de tendências anteriores.

Colocar uma única tira de bacon foi como começou a febre. O fast-food Hardee’s, hoje sem muita força nos Estados Unidos e desconhecido por brasileiros, foi o primeiro a fazê-lo. Em 1992, com o Frisco Burger, saiu a primeira linha de lanches com bacon da empresa. Ele não pegou de imediato, até porque a fritura ainda causava muita sujeira e fumaça. A solução dos produtores de carne de porco foi inteligente: vendê-lo pré-cozido.

Com o problema resolvido, a indústria do bacon inicou o lobby para convencer grandes companhias de food service a colocá-lo no cardápio. Invenções como empadas , bolinhas e até tirinhas de bacon tentaram substituir as batatas fritas, mas o que pegou mesmo foi o acréscimo nos sanduíches. Surgiram variações dos Bacon Double Cheeseburger que são vendidos até hoje por McDonald’s e Burger Kings em todo o mundo. Leve em conta que, uma ou duas tirinhas por sanduíche representavam toneladas de carne de porco que a indústria passou a ter como demanda.

Fonte: GQ Brasil

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Written by Ricky Terezi

Jornalista, produtor cultural, agora blogueiro, filho de Terezinha e Alvimar.
Natural de Montes Claros-MG. Mora em New York.

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