Os candidatos devem provar suas raízes judias sefaraditas, ter pelo menos 18 anos de idade e não possuir antecedentescriminais
Ordenados pelo rei a se converterem ao Catolicismo Romano e ameaços por multidões enfurecidas, a família Levy juntou-se a milhares de judeus portugueses no final do século 15, levando a chave da casa onde moravam com eles. A família fixou-se na Turquia e a chave, uma lembrança da vontade de retornar, perdeu-se em um incêndio. Entretanto, seus descendentes preservaram outra lembrança querida, a fotografia tirada no século 18 de um ancestral ilustre, que agora facilita a legalização de seus laços com a pátria mãe perdida.
Sete membros das famílias Levy e Salem, que há várias gerações se misturaram através do casamento, estão entre os primeiros 220 candidatos cujas origens foram certificadas conforme uma lei que agiliza a cidadania portuguesa dos descendentes de judeus expulsos do reino. A lei é similar a da Espanha e ambas entraram em vigor em 2015, que visam resolver o que líderes de ambos os países consideram uma injustiça histórica.
Calcula-se que até 3.5 milhões de judeus no mundo sejam sefaraditas, que em hebraico significa “Espanha” (Sfarad), com raízes profundas na Península Ibérica, representando 1 quarto de todos os judeus no planeta. Líderes na Espanha e Portugal disseram que não há forma de saber quantas pessoas aplicarão para a cidadania ou quantos que consegui-la morarão nos países ibéricos.
Os membros da família Levy e Salem vivem agora no Brasil e Suíça e não possuem planos de se mudarem. Possuir um passaporte português facilitará as viagens à Europa, mas eles alegam que os benefícios de fazer parte da União Europeia não influencia o desejo de se tornarem cidadãos portugueses. Para eles, o processo meticuloso de aplicar para a cidadania tem mais a ver com o descobrimento de sua própria história.
“A aplicação envolveu a troca de fotos, cartas e a reconstrução de nossa história, que trouxe à tona laços familiares que estavam esquecidos”, disse Pedro Salem, de 43 anos, psicanalista no Rio de Janeiro. “Aplicar para a cidadania é parte da nossa tentativa de preservar e passar adiante esses valores”.
Como aplicar:
Os candidatos devem provar suas raízes judias sefaraditas, ter pelo menos 18 anos de idade e não possuir antecedentes criminais. Iniciada em março, a lei concedeu às organizações judaicas em Lisboa e Porto, onde residem a maioria dos 4 mil judeus em Portugal, a autoridade de vetar e aceitar candidatos, que pagam a tarifa de $ 500 Euros. As organizações informaram que rejeitaram poucos candidatos, até o momento. O governo português está revendo a lista de candidatos certificados para aprovação nos próximos meses.
Fonte: Brazilian Voice
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