Barras de chocolate são, para milhões de possíveis novos consumidores, uma opção mais acessível — indústria e governo americanos já começaram a se mexer nessa direção
Para muita gente (que vive em locais onde ela é legalizada), o problema da maconha é fumar. É preciso ter alguma prática em enrolar baseado, ficam cheiro e cinzas, e não há nenhuma privacidade. É por essas e outras que o futuro da maconha é comestível. A previsão tem sido constante nos Estados Unidos, país em que alguns estados — Washington e Colorado — legalizaram recentemente a marijuana para uso recreativo.
Foi de um hotel em Denver, capital do Colorado, inclusive, que Maureen Dowd experimentou uma barra de chocolate e caramelo “recheada” com o ingrediente. Ela descreveu toda a experiência, oito horas “alucinantes”, em um artigo ao The New York Times em junho deste ano. Foi aí que empresas que lidam com a maconha abriram olhos para este novo mercado.
O negócio é que se interessa pela droga comestível quem é novo na coisa. Gente mais velha, possivelmente pais e mães, ou mesmo jovens sem experiência que queiram experimentar, enxergam numa barra de chocolate uma opção “inofensiva”. São milhões de novos consumidores em potencial, e isso força toda a indústria a se mexer.
“Marijuana é uma commodity, como trigo, milho ou soja. Com comestíveis, você pode criar uma marca, um nome, ter uma fórmula secreta que seja propriedade intelectual”, explicou Patrick Rea, fundador da MISO Capital, fundo que investe em empresas que vendem maconha nos Estados Unidos, em entrevista à FastCompany. Para que fique mais claro, basta comparar. A cafeína é uma commodity, mas várias marcas inventaram energéticos, com fórmulas, ingredientes e gostos diferentes embora o efeito seja basicamente o mesmo.
Como era de se esperar, ao mesmo tempo em que a indústria se movimenta para explorar este novo mercado, autoridades regulamentam a brincadeira. O LCB, órgão do estado de Washington que regula bebidas alcoólicas, tabaco e maconha, já aprovou o componente em produtos de três origens diferentes, entre eles chocolates, refrigerantes e energéticos. Mas há nove outras indústrias que já foram aprovadas pelo Departamento de Agricultura de Washington que ainda não foram liberadas pela agência, reportou o The Seattle Times.
Adeptos da cannabis chiam pela demora na liberação, mas a precaução tem porquê. Meses antes de o artigo de Dowd ser publicado no The New York Times, morreu um rapaz de 19 anos que comeu seis vezes mais cookie com maconha do que recomendado. Ele pulou da varanda de um hotel em Denver, segundo o The Denver Post. A loja em que comprou o cookie o instruiu a cortá-lo em seis partes e só comer uma, mas ele mandou para o estômago de uma vez.
O que autoridades americanas querem, para coibir casos assim, é limitar a quantidade de maconha a ser inserida, bem como criar regras e alertas, como a padronização das embalagens para que chocolates “mágicos” não caiam nas mãos de crianças.
Fonte: GQ Brasil
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